Acho gozado como fãs e demais espectadores conseguem oscilar
entre gritos afetuosos a vaias grotescas. Sexta-feira, dia 14/12, no formidável
show do cantor e compositor Roberto Carlos foi assim. Ao mesmo tempo em que era
ovacionado como Rei, facilmente era descoroado. O público em si, não só nesse
show, como em tantos outros que já fui, é assim. Só que nesse show me chamou
mais a atenção. Talvez pela gritaria exacerbada que eu não esperava, por ser um
show de músicas lentas e românticas cujos fãs são de mais idade e não aguentam esperar por muito tempo. Engano meu. Dentaduras quase
voaram. Foi excessivamente enérgico o momento antes da entrada do cantor.
O ponteiro bate às dez da noite e um homem elegante e
articulado, dito cidadão de confiança do Rei, entra no palco e dá o recado-estopim
para a algazarra. Roberto Carlos estava no trânsito do Rio de Janeiro.
Provavelmente parado na Av. Maracanã (rumores a respeito da Rua, kkkk). O fato era que
Roberto tentava chegar a tempo desviando do trânsito que o tardava. Segundo bocas fanáticas de arquibancada, ele teria se
atrasado, pois estaria retornando da Igreja de Santa
Luzia, no centro do Rio, onde passa boa parte de seu tempo livre.
O Maracanãzinho vai abaixo quando o ponteiro do relógio
sinaliza dez horas e cinqüenta minutos. Nenhuma aparição. Nada. Como protesto
sutil e lúdico, guarda-chuvas lotam o estádio de cima a baixo, olas e movimentos
braçais tomam conta do cenário. Era quase uma partida de FlaXFlu. Quando me
descuidei, minha mãe e minhas tias mergulharam na OLA. E eu registrando cada
episódio.
olha a OLA |
Guarda-chuvas |
Onze horas da noite. Roberto surge da luz azul que o ilumina como um anjo caído do céu. O público fecha o guarda-chuva e vai à loucura para viver aquele momento lindo. Daí por diante são somente histórias e letras emocionantes que arrancam lágrimas das mais sentimentais e gritos de “tira essa calça” das mais atiradas. (uma calcinha sobrevoou a plateia durante “os botões da blusa”). Se Roberto não pegou, tenho certeza que Wando, de onde estiver, guardou para ele.
Muito me encantou a história narrada por ele sobre seu
cachorro de estimação chamado “Cha cha”. Seu interesse pela leitura sempre o
inspirou e um dos livros infantis que leu, onde havia um adorável vira-lata da “melhor
qualidade”, serviu-lhe de encantamento para realização da música “O portão” e
para a nomeação de seu cachorro. O cha cha dos livros agora pertencia a Roberto
Carlos e, toda vez que chegava ao portão, ele lhe sorria latindo.
Esse show me despertou os sentimentos mais pacíficos. A paz que ele gera é única e me fez descobrir o Roberto Carlos
poeta. O Rei do romantismo e do sentimentalismo. É importante divulgar que a famigerada música destinada à novela de
Glória Perez está relacionada com um homem ideal, disse ele, que tenta ser o cara
certo, apesar de afirmar que o cara “sou eu”(soa melhor dessa forma).
O show encerrou, como de costume, com a entrega de rosas
vermelhas para os corajosos que tomaram de assalto as escadas do estádio para
ir de encontro ao venerável palco azul onde ele esperava.
Tive que carregar minha mãe e minhas tias ou eu dormiria nos
degraus do Maracanãzinho..
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