sábado, 17 de novembro de 2012

Meus passos




Os poucos passos que dei
Trouxeram-me até hoje
Os que não dei, também.
Metade resvalou-se
Por erros (in)conscientes,
Salutar inexperiência!
Os outros,
Não é porque não existiram
Que foram malogrados
Muito menos em vão.
Em vão foram inexistindo
(iminentes em mim)
Para serem, depois,
Tirados no momento
Em que o vão
Torna-se corredor
Ponte que aponte
Para pontes
Que puntiformemente geram
Passos assertivos, pontiagudos
Como Dardos que
Por caírem de insucesso
Aprimoram-se até o menor campo furtivo

Presente adornado de laços
Abraços, amassos
E beijos que dei,
Nem sempre dados
Outrora roubados, recebidos
Passados, esquecidos
No entanto,
Beijados.

Meus passos são passos que não são
São beijos abraços
Dizeres
Não-dizeres
Coisas e não-coisas
Nada.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

ÓH DOIS!



Nesse momento,
Vago para alguma parte.
Não sei qual
Por isso gosto
do lugar.
Sei que minha alma
De tão leve
Quase voa
E interage....
O próprio respirar me transcende!
Interajo com o ar,
Com a invenção de inventar...
Quem sabe um oxigênio hei de virar?

domingo, 11 de novembro de 2012

Educação para TODOS!



Um presente à comunidade do Rio de Janeiro vem conquistando moradores do Morro dos Prazeres e o jovem menino que vos escreve. A Festa Literária Internacional das UPPs(FLUPP), iniciada nesta quarta-feira, enaltece a educação para todos e disponibiliza cultura para quem pouco possui e para os que sempre quiseram tê-la, mas, frustrados, optaram por outras vias, rechaçados por um vácuo de resposta que não é resposta, é descaso e discriminação.
O substrato da minha crítica sempre foi fundamentalmente político quando relativo à educação brasileira. Continua sendo, porém, hoje, enfatizo a discriminação da sociedade pela própria sociedade, argumento que já está desgastado e precisa, sim, ser dito e repetido. O descompromisso com o outro e a autoelevação do “eu” são efeitos destes atos obsoletos que sufocam toda uma camada social. Não é perda de tempo dizer isso. Perda de tempo é não dizer.
O Brasil possui 14 milhões de brasileiros analfabetos, onde apenas 25% de adultos são concluintes do Ensino Médio. Pode-se dizer que já melhorou muito em relação a anos anteriores, mas essa deve ser a tendência natural das coisas, a evolução. O erro dos antigos deve fortalecer e guiar novas atitudes. O país já possui forte imagem no âmbito mundial, construída por concessões representativas no campo desportivo e econômico (petróleo). Mas, como já mencionei em postagens anteriores: Uma imagem não é nada mais nada menos que um kit de beleza, uma maquiagem.
 A divulgação do Brasil como país tropical e resistente às crises mundiais é completamente desproporcional ao que ocorre no interior do kit de beleza. Aqui dentro, as cores, os brilhos e o espelho que dão luz e consistência à aparência nacional, transformam-se em rivalidade, preconceito e, com o espelho já fechado, truncado com o pó e as cores, percebe-se a cegueira intrínseca a certos cidadãos que não olham para si próprios e muito menos para os outros. Sei que não é só a política a principal causadora da precariedade educacional. Se achasse isso, a culpa de uma sociedade desigual também cairia sobre mim. Certas pessoas, instruídas, nesse país são verdadeiras máquinas opressivas que rechaçam seus inferiores sem piedade e com autoridade de donos da verdade.
A própria construção linguística do Brasil é altamente excludente e nada democrática. Infelizmente ainda vejo muitos profissionais, personalidades cultas e outros indivíduos letrados agindo de forma radical quanto à variedade linguística, por exemplo. Nossa história deriva de uma forte presença de Portugal, iniciada no século XVI, que deu origem à forma de pensar, interagir e, principalmente, falar. No entanto, não é por causa dessa influência portuguesa que devemos seguir a cartilha lusitana e esquecer nossa própria formação brasileira, a nossa cultura. Apontar o erro X ou Y, culpando o falante ignorante não é o caminho para a educação. Há de se analisar amplamente as circunstâncias sócio-culturais e, inclusive, expandir discussões para a inclusão a nível nacional, como a FLUPP, por exemplo. Ótima iniciativa que visa o acesso aos bens da cultura letrada.
Apropriando-me do sincero discurso de Carlos Alberto Faraco, grande linguista brasileiro, encerro esse misto de desabafo à elogio dando ênfase à democratização da educação e implorando o fim da “norma curta” e a cultura do erro que restringem a língua brasileira e inferiorizam as classes populares.  Deixo meu humilde convite ao morro de Santa Teresa ou a  quaisquer outras fontes educativas que proporcionem acesso ao conhecimento e ao letramento.
- “Ensinar tudo a todos” era o que dizia Comênio!